domingo, 1 de junho de 2014

Meu ato gratuito

(Um exercício de escrita inspirado no texto "Ato Gratuito" de Clarice Lispector)

"Estava eu sentada na biblioteca da minha casa, navegava pela internet, pesquisando sobre nada importante, ou coisa nenhuma que valesse a pena. Me sentia entediada e cansada da mesmice diária da minha casa.

As crianças corriam, brincavam e jogavam bola, video game, cartas. O barulho me irritava e me deixava impaciente.

Resolvi praticar o "Ato Gratuito" escrito por Clarice Lispector, o que para mim representaria um "Ato de Coragem". Resolvi viajar sozinha, carregando na mala algumas roupas, todos os livros que ainda quero ler neste ano, um caderno e minhas canetas. Resolvi viajar para me encontrar, para me sentir feliz e, ao voltar, transparecer uma mulher inteira que por hora não consigo encontrar.

Procurei um paraíso longínquo na Inglaterra, uma cidadezinha bem pequena, de poucas moradias e poucas pessoas, pouco comércio e muito verde, muitas árvores e flores. Busquei uma paisagem que pudesse definir como o Belo.

Aluguei uma casinha com um lindo jardim na frente e um típico banco de praça pública, no qual pudesse em calma e no silêncio ler meus livros. Era perfeita! Como uma foto de revista. Toda mobiliada, perfeita para o que eu queria. Parecia tersido tirada de um dos livros de Jane Austen.

Guardei as minhas coisas, preparei um chá e depois de um longo momento de leitura e contemplação do Belo, parti para uma caminhada pela redondeza. O perfume era diferente, as plantas exalavam uma mistura de um cheiro doce e mentolado. A cada inspiração, sentia meus pulmões se enchendo de novo ar, de nova vida. Podia jurar que o ar entrava por minhas células e as renovava, me enchia de vida.

As poucas pessoas que vi, me cumprimentavam com um acenos e eu correspondiam como se eu fizesse parte deles. Não estavam curiosas, não me julgavam. E apenas após alguns dias e instanttes me sentia feliz. Não havia perguntas sobre quem eu era, sobre o que eu fazia, de onde eu vinha, nada. 

Tudo parecia perfeito. As cores e o perfume das flores. Aquele lugar neutro. Aquela casa saída de um Romance. Me sentia única, inteira como a muito não me sentia.

Uma semana se passou, a saudade dos meninos barulhentos narrando seus jogos de video game apertou. Voltei para casa, sem grandes transformações como imagiva, nem mais gorda nem mais magra. 

Mas aquela lembrança, aqueles momentos, só meus, o perfume mentolado e doce das flores e a contemplação do Meu Belo nunca mais me deixaram. Um ato gratutio, um ato de coragem, realmente teria sido memorável.

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