terça-feira, 28 de junho de 2011

Na esquina do tempo...de todos os números


Terminei de ler o livro da Gloria Leão (Café com bolo e Glorinha), a quem e posso chamar de amiga, e fiquei muito emocionada em algumas partes. Quer dizer, chorei pela segunda vez e ela sabe. Me senti orgulhosa por ela. Porque o livro é realmente muito bom! 
O texto nos dá uma certa nostalgia pela escrita feita como nos tempos em que a língua portuguesa era encantadora e bonita, sem abreviações, sem facilitações. O texto é escrito literalmente em bom português. Só  este detalhe, que quase ninguém que escreve se preocupa em ter: Escrever num bom português! Já vale a leitura.

Li com a voz da Glorinha marrando o texto em meu ouvido, na minha imaginação e sem medo me entreguei aos 50 anos sem chegar neles. Que surpresa saber que não precisava ter 50 para me deleitar nos capítulos, e me identificar com as musas.
Para quem não sabe as musas no tempo de Hesíodo eram a voz da sabedoria. Por isso, Hesíodo começa seu texto, se não me engano, A Teogonia, com " Canta as musas..." E da sabedoria das musas, Glorinha tirou a sabedoria da vida que as personagens dela viveram, nos ensinou, nos iluminou e nos preparou para a bem vinda menopausa. Tirou do mal coletivo, o bem pessoal. Desmistificou o mito e transformou na coisa mais natural no mundo, afinal, qual mulher não vai passar por essa etapa da vida.

Se sentirmos calores, Glorinha nos ensinou a ser quentes! Se sentirmos frio, Glorinha ensinou como se aquecer! Se deprimirmos, Glorinha nos ensinou a trazer frutos da dor para colher quando a dor passar.

Glorinha nos deu a alegria de saborear a alegria de chegar "Na esquina do tempo nº 50", mesmo que estejamos no nº20,  nº 30, no nº 40 ou no nº35 que é onde estou hoje. Onde hora sou Selene e hora ou Deméter.

Pra encerrar coloco um texto de Clarice Lispector, que expressa muitas vezes o que sinto, e tenho certeza que Glorinha já deve ter sentido nesse percurso de gestação do livro. E que imagino que todos nós aprendizes de escritores da vida sentimos:

"Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou sabe. Perigo de mexer no que está oculto - e o mundo não está à tona, está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar. Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste vazio é que existo intuitivamente. Mas é um vazio extremamente perigoso: dele arranco sangue. Sou um escritor que tem medo da cilada das palavras: as palavras que eu digo escondem outras - quais? Talvez as diga. Escrever é uma pedra lançada no fundo do poço".

2 comentários:

  1. Cynthia querida! Que coisa mais linda! Me levou às lágrimas! Um dos mais bonitos depoimentos sobre o meu livro e feito por uma moça ainda jovem, na esquina dos seus 35 anos! Puxa, fiquei feiz por saber que gostou, se emocionou e te toquei...era isso o que queria quando o escrevi, ticar as pessoas, fazê-las pensar...ai amiga, vc é uma querida. Obrigada, de coração! Beijos, muitos!

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  2. Que lindo, Cynthia... Fico muito feliz pela Glorinha! Bjs

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