“… Sim, acredito nos anjos. Mas, ao contrário do que afirmei no princípio, devo confessar humildemente que na verdade não cheguei ainda a ver um deles. No entanto, sei que existem, porque de um momento para o outro, sozinho como sempre vivi, sinto um aperto no coração, e ouço vozes distantes entoando hinos no meio de minhas lembranças perdidas. Julgo entreouvir no ar um vago rumor, como um leve rufar de asas, e chego a captar uma suave respiração sobre meu ombro. Vislumbro com o canto do olho uma presença, como um vulto fugaz a meu lado – o vulto de um menino, talvez. Volto-me e não vejo ninguém. Mas sei que é ele, sei que aqui está para me fazer companhia e me proteger. Do mais fundo da solidão ele nasce para permear minha vida de um sentimento de plenitude que nem o trabalho, a literatura, as distrações, os filhos, o amor a uma mulher ou as amizades mais duradouras são capazes de proporcionar. E a sua presença passa a ser para mim como a de um mensageiro do próprio Cristo.
Com a graça de Deus.”
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