A Clínica Fenomenológico Existencial
Há outro
paradigma de atuação psicoterápica, outra forma de atuar
comprometida com a integridade do Ser Humano, centrada na abertura de
possibilidades para aquele que padece em suas angústias, que sofre
em sua luta por compreensão, acolhimento e libertação. Sobre esta
outra forma de pensar a psicoterapia Feijóo (2000) propõe a
psicologia com uma postura fenomenológica e afasta-se das
psicologias científicas, mas não perde a possibilidade de atuação
prática. E ainda diz:
A
Psicologia Fenomenológica visa a descrever com rigor, e não deduzir
ou induzir; mostrar e não demonstrar, explicitar as estruturas em
que a experiência se verifica e não expor a lógica da estrutura;
por fim, deixar transparecer o aparente por aquilo que não se
mostra.
(FEIJOO,
A. p33, 2000)
Com o
passar das décadas a Psicologia adere aos novos paradigmas do
pensamento pós-moderno, que se caracterizam pelo livre dialogo entre
os diferentes saberes filosóficos, políticos e sociais, onde o que
está implicado é o sujeito, sua fala e seus sintomas. Esta visão
nos aproxima da proposta Fenomenológico-Existencial empregada por
Feijóo (2000), que baseando nos filósofos Sören Kierkegaard,
Edmund Husserl e Martin Heidegger, apresenta-nos uma clínica
preocupada com a escuta e a fala do sujeito tal como estas se
apresentam, sem a implicação de arcabouços teóricos ditados a
priori e que possam mascarar o verdadeiro sentido do discurso.
O que
aprendemos com esta proposta é que implicando o sujeito na sua fala
e nos seus sintomas, evocamos um pensar mais próprio sobre o seu
mal-estar e o auxiliamos a assumir a responsabilidade das condições
de sua existência. Ou seja, independente da forma como este lida com
a sua própria vida, o que consideramos é que esta é a forma como
ele consegue se relacionar com o mundo. Tal ética é a que permeia
esta proposta.
A prática
nos convoca a “ir onde o outro está”, para pensarmos juntos suas
angústias e sofrimentos e para que aquele que nos busca possa
sentir-se acolhido e assim possamos implicá-lo na construção de um
projeto terapêutico.
O que se
pretende é reconhecer o sujeito como pessoa e não enquanto teoria,
e acolhe-lo nos responsabilizando com o que escutamos e com o que
falamos. A escuta está centrada na particularidade subjetiva que o
sujeito nos traz. O que trabalhamos (indo onde o outro está, assim
como Kierkegaard com as obras estéticas) é a posição do sujeito
frente sua queixa e como ele pode transformá-la, tirando-o do lugar
de passividade e impotência frente sua própria vida e suas próprias
escolhas. O que queremos é que o sujeito se aproprie de suas
escolhas e aceite consciente tudo o que vem com ela.
Esta
prática clínica rompe com a idéia de diagnóstico pronto e
precipitado seja ele qual for (medicações, laudos, etc.) e passa a
questionar a queixa considerando a subjetividade do paciente a fim de
descortinar um campo de possibilidades de escolhas. Para tanto,
Feijóo (2000) nos apresenta da seguinte forma:
[...
pensar a psicoterapia em termos do próprio existir. Não se trata
aqui de pensar o homem a partir de formulações teóricas, que
postulam o existente em um sistema explicativo e determinado ou como
uma filosofia idealista. Neste percurso, substituíram-se os sistemas
científicos e as teorias que consideram o homem a partir de uma
construção em si mesmo pelos fundamentos fenomenológicos, pela
filosofia da existência e pela hermenêutica.
Nesta
visão, o homem constitui-se como abertura, como possibilidade de
estar-no-mundo em sua cotidianidade mediana, imprópria e impessoal
e, ao mesmo tempo, própria e singular. Portanto não é tomado como
encapsulado, fechado em si mesmo, em termo de uma subjetividade, tal
como é criticada por Heidegger...] (FEIJOO, A. p.97, 2000)
Referência Bibliográfica:
FEIJOO,
A. M. L. C. de. A escuta e a fala em psicoterapia: uma proposta
fenomenológico-existencial. São Paulo: Vetor, 2000.
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