quinta-feira, 8 de maio de 2014

Uma perspectiva diferente para a Psicologia


 

A Clínica Fenomenológico Existencial


Há outro paradigma de atuação psicoterápica, outra forma de atuar comprometida com a integridade do Ser Humano, centrada na abertura de possibilidades para aquele que padece em suas angústias, que sofre em sua luta por compreensão, acolhimento e libertação. Sobre esta outra forma de pensar a psicoterapia Feijóo (2000) propõe a psicologia com uma postura fenomenológica e afasta-se das psicologias científicas, mas não perde a possibilidade de atuação prática. E ainda diz:


A Psicologia Fenomenológica visa a descrever com rigor, e não deduzir ou induzir; mostrar e não demonstrar, explicitar as estruturas em que a experiência se verifica e não expor a lógica da estrutura; por fim, deixar transparecer o aparente por aquilo que não se mostra.
(FEIJOO, A. p33, 2000)

Com o passar das décadas a Psicologia adere aos novos paradigmas do pensamento pós-moderno, que se caracterizam pelo livre dialogo entre os diferentes saberes filosóficos, políticos e sociais, onde o que está implicado é o sujeito, sua fala e seus sintomas. Esta visão nos aproxima da proposta Fenomenológico-Existencial empregada por Feijóo (2000), que baseando nos filósofos Sören Kierkegaard, Edmund Husserl e Martin Heidegger, apresenta-nos uma clínica preocupada com a escuta e a fala do sujeito tal como estas se apresentam, sem a implicação de arcabouços teóricos ditados a priori e que possam mascarar o verdadeiro sentido do discurso.
O que aprendemos com esta proposta é que implicando o sujeito na sua fala e nos seus sintomas, evocamos um pensar mais próprio sobre o seu mal-estar e o auxiliamos a assumir a responsabilidade das condições de sua existência. Ou seja, independente da forma como este lida com a sua própria vida, o que consideramos é que esta é a forma como ele consegue se relacionar com o mundo. Tal ética é a que permeia esta proposta.
A prática nos convoca a “ir onde o outro está”, para pensarmos juntos suas angústias e sofrimentos e para que aquele que nos busca possa sentir-se acolhido e assim possamos implicá-lo na construção de um projeto terapêutico.
O que se pretende é reconhecer o sujeito como pessoa e não enquanto teoria, e acolhe-lo nos responsabilizando com o que escutamos e com o que falamos. A escuta está centrada na particularidade subjetiva que o sujeito nos traz. O que trabalhamos (indo onde o outro está, assim como Kierkegaard com as obras estéticas) é a posição do sujeito frente sua queixa e como ele pode transformá-la, tirando-o do lugar de passividade e impotência frente sua própria vida e suas próprias escolhas. O que queremos é que o sujeito se aproprie de suas escolhas e aceite consciente tudo o que vem com ela.
Esta prática clínica rompe com a idéia de diagnóstico pronto e precipitado seja ele qual for (medicações, laudos, etc.) e passa a questionar a queixa considerando a subjetividade do paciente a fim de descortinar um campo de possibilidades de escolhas. Para tanto, Feijóo (2000) nos apresenta da seguinte forma:

[... pensar a psicoterapia em termos do próprio existir. Não se trata aqui de pensar o homem a partir de formulações teóricas, que postulam o existente em um sistema explicativo e determinado ou como uma filosofia idealista. Neste percurso, substituíram-se os sistemas científicos e as teorias que consideram o homem a partir de uma construção em si mesmo pelos fundamentos fenomenológicos, pela filosofia da existência e pela hermenêutica.
Nesta visão, o homem constitui-se como abertura, como possibilidade de estar-no-mundo em sua cotidianidade mediana, imprópria e impessoal e, ao mesmo tempo, própria e singular. Portanto não é tomado como encapsulado, fechado em si mesmo, em termo de uma subjetividade, tal como é criticada por Heidegger...] (FEIJOO, A. p.97, 2000)


Referência Bibliográfica:
FEIJOO, A. M. L. C. de. A escuta e a fala em psicoterapia: uma proposta fenomenológico-existencial. São Paulo: Vetor, 2000.

Para quem procura um local referência aqui no RJ com profissionais dessa linha de trabalho, eu indico sem medo o IFEN - Instituto de Psicologia Fenomenológico Existencial

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